A Omnicom mantém-se confiante em concluir a compra da IPG até ao final de Novembro
A Omnicom afirma estar confiante em concluir a aquisição da IPG até ao final de novembro, após a Comissão Europeia (CE) ter avançado o processo para a sua fase final. De acordo com uma atualização publicada no site do regulador, a CE solicitou à empresa, na segunda-feira, 20 de outubro, a submissão formal necessária para autorizar a operação — o que representa o último passo do procedimento. A decisão deverá ser conhecida por volta de 24 de novembro (25 dias úteis) e, caso seja aprovada, a Omnicom prevê concluir o fecho da aquisição num prazo de cerca de 48 horas.
A União Europeia é a última jurisdição pendente para que a integração se concretize, operação que dará origem ao maior grupo de agências do mundo em termos de receitas. O negócio já recebeu luz verde nos Estados Unidos, em junho, e no Reino Unido, em agosto, tendo sido também aprovado recentemente no México. “Submetemos o pedido à Comissão Europeia a 20 de outubro. Esperamos que este seja o passo final para garantir a aprovação na UE, a nossa última jurisdição pendente para autorização antitrust. Mantemos a confiança em encerrar a aquisição até ao final de novembro”, afirmou um porta-voz da Omnicom à Campaign.
O avanço regulatório surge num contexto de forte pressão sobre o crescimento orgânico, de consolidação entre dados e meios, e de procura por maior eficiência operacional. Analistas do UBS referem, numa nota, que a submissão à UE deverá trazer maior visibilidade aos investidores, com potenciais catalisadores após o fecho da operação — incluindo o lançamento de um programa de recompra de ações, a atualização dos objetivos de sinergias e a divulgação de uma nova orientação financeira para a empresa combinada em 2026.
No que respeita à concorrência, a revisão europeia tem-se concentrado em garantir que a fusão das redes criativas, de media buying e de serviços de marketing não reduza de forma significativa a rivalidade em determinados mercados nacionais, nem em segmentos como compra programática, planeamento offline, dados/CRM, comércio e conteúdos. Até ao momento, não foram reveladas condições específicas; no entanto, o setor mantém-se atento a possíveis compromissos relativos à governação de dados, práticas de compra e acesso a inventário de terceiros — aspetos comuns em integrações de grande escala.
Para clientes e parceiros, a transação abre um período de transição com impacto em contas internacionais e regionais. A prioridade declarada por ambas as empresas passa por assegurar a continuidade do serviço, harmonizar ferramentas e plataformas e capturar eficiências sem comprometer a agilidade operacional. Na prática, isto traduz-se na revisão de sobreposições nas estruturas de rede, centralização de funções de back-office, alinhamento de contratos tecnológicos (adtech, martech, analytics) e, previsivelmente, racionalização da presença por país. O objetivo é transformar as sinergias em propostas mais integradas — combinando dados, meios, criatividade e comércio — sem aumentar a complexidade para os anunciantes.
Em termos financeiros, a empresa resultante deverá atingir receitas próximas dos 26 mil milhões de dólares, ultrapassando o Publicis Groupe e a WPP. A administração sublinha que a escala global, a presença reforçada em determinadas categorias e a maior capacidade tecnológica deverão potenciar o investimento em produto e talento especializado, além de melhorar o poder negocial junto de plataformas e publishers. A curto prazo, o foco estará na execução do plano de integração e na concretização das sinergias de custos e receitas.
Se o calendário previsto por Bruxelas se confirmar e não surgirem condições adicionais, o fecho da operação deverá ocorrer cerca de um ano após o anúncio inicial, feito a 9 de dezembro do ano passado. Este desfecho marcaria o fim de um dos processos de consolidação mais relevantes da indústria publicitária recente — e o início de uma nova fase competitiva para o setor.