A IA como aliada: a IA não vai eliminar empregos, mas vai transformá-los profundamente

“A inteligência artificial está a transformar o trabalho, e dominar a forma como a usamos através de instruções (prompts) é agora essencial”, afirmou recentemente o CEO da Nvidia, Jensen Huang. Garante que a IA não vai eliminar empregos, mas sim transformar a forma como cada um deles é desempenhado. Jensen Huang explicou que utiliza IA diariamente e que o prompting é uma competência cognitiva de alto nível. Numa entrevista à CNN, afirmou que acredita que a IA vai capacitar os trabalhadores e que os receios sobre a sua intrusão no mundo laboral estão “exagerados”.

“Tenho 100% de certeza de que o trabalho de toda a gente vai mudar. O meu próprio trabalho já mudou”, comentou, acrescentando que a IA transformará o sector digital não através de despedimentos em massa, mas por via de uma grande redução de tarefas. “Alguns empregos vão desaparecer. Muitos outros serão criados. E o que espero é que os ganhos de produtividade que vamos ver em todos os sectores elevem a sociedade”, disse.

Na sua perspetiva, utilizar a IA não reduz a capacidade de pensar das pessoas. “Não estou a pedir-lhe que pense por mim. Estou a pedir-lhe que me ensine coisas que não sei ou que me ajude a resolver problemas que, de outro modo, não conseguiria resolver de forma razoável”, afirmou. Criar bons prompts para IA é uma competência que exige esforço cognitivo e clareza. “Fazer boas perguntas exige uma capacidade cognitiva muito elevada. Como CEO, passo a maior parte do tempo a fazer perguntas. E 90% das minhas instruções estão, na verdade, misturadas com perguntas”, referiu.

Ao interagir com a IA, Huang assegura que não se contenta com uma única resposta. “Faço a mesma pergunta a várias ferramentas e peço-lhes que comparem as respostas entre si e me apresentem a melhor. E acredito que esse processo de crítica e análise das respostas melhora as capacidades cognitivas”, defendeu.

Uma visão alternativa da IA

Para Huang, a IA não representa uma ameaça para o trabalho humano, mas sim o “maior igualador tecnológico”, que irá redefini-lo de forma profunda. “A IA capacita as pessoas, eleva-as, fecha a lacuna tecnológica e, como resultado, mais pessoas conseguirão fazer mais coisas.” Yann LeCun, cientista-chefe de IA da Meta, concorda com Huang e defende que a IA vai aumentar as capacidades dos trabalhadores, não substituí-los.

No entanto, outros especialistas e líderes tecnológicos apresentam um cenário mais disruptivo. Adam Dorr, diretor de investigação do grupo de reflexão RethinkX, previu que “a maioria dos empregos desaparecerá até 2045”, segundo o Business Insider. Apoia-se numa investigação da sua equipa sobre mais de 1.500 transformações tecnológicas importantes, que conclui que a tecnologia tende a dominar num prazo de 15 a 20 anos após alcançar apenas alguns pontos percentuais de quota de mercado.

Geoffrey Hinton, outro especialista na área, expressou preocupações semelhantes no podcast Diary of a CEO, no mês passado: “Para o trabalho intelectual rotineiro, a IA vai substituir toda a gente”, afirmou. Por sua vez, Dario Amodei, CEO da Anthropic, previu que a IA poderá eliminar 50% dos empregos administrativos de nível inicial nos próximos cinco anos. Em maio, disse à Axios que as empresas de IA estão a “adoçar” os riscos da eliminação massiva de postos de trabalho em áreas como tecnologia, finanças, direito e consultoria.

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