A Criteo acelera o seu crescimento em retail media e supera as previsões ao atingir 292 milhões em receitas

Num contexto de crescente concorrência e transformação estrutural, a tecnológica sediada em Paris superou as suas próprias expectativas ao alcançar receitas de 292 milhões de dólares, mais 7% do que no mesmo período do ano anterior, a taxas de câmbio constantes. O valor ultrapassa com folga o intervalo previsto de 272 a 278 milhões de dólares anunciado na apresentação de resultados do primeiro trimestre.

O principal motor deste crescimento foi o Retail Media, que gerou 60 milhões de dólares líquidos, já deduzidos os custos de aquisição de tráfego (TAC). Embora o ritmo de crescimento (11%) tenha sido sensivelmente inferior aos 24% registados no mesmo período de 2024, esta unidade continua a ser o segmento mais dinâmico da Criteo, superando o seu negócio histórico de performance media (retargeting), que contribuiu com 232 milhões líquidos (+6% em termos homólogos).

Os efeitos do primeiro trimestre ainda se fazem sentir
A desaceleração no retail media deve-se a vários fatores. Por um lado, a perda de dois clientes no início do ano: a Uber Eats, que transferiu o seu investimento em retail media nos EUA para a Instacart; e a Roundel, o braço publicitário da Target, que acelerou a internalização de parte das suas operações anteriormente geridas pela Criteo. Por outro lado, Michael Komasinski, CEO da empresa, reconheceu que alguns novos programas com retalhistas estão a arrancar mais lentamente do que o previsto, devido a atrasos no planeamento interno dos anunciantes ou à incerteza económica causada por tensões comerciais e tarifárias.

Ainda assim, a direção da Criteo reviu em alta as suas previsões anuais, apontando agora para um crescimento entre 3% e 4% em receitas líquidas, face à estimativa anterior de crescimento nulo. “Estamos a recuperar o terreno perdido de forma metódica”, afirma Komasinski à Adweek.

Agências e parcerias impulsionam o novo crescimento
Um dos pilares deste avanço tem sido o canal agência, que já representa 38% do negócio de retail media da empresa, comparado com 30% há um ano. Neste domínio, destacam-se dois acordos estratégicos: um com a Dentsu, para integrar a sua tecnologia de commerce media no stack do grupo japonês; e outro com a WPP Media, centrado principalmente em campanhas de CTV e vídeo em streaming. Ambas as parcerias reforçam o papel da Criteo como parceiro preferencial das grandes agências globais, num ecossistema cada vez mais orientado para soluções omnicanal e baseadas em dados. Importa referir que o atual CEO da Criteo, Michael Komasinski, foi até recentemente CEO da Dentsu North America, o que pode ter facilitado a aproximação entre as empresas.

Além disso, a Criteo confirmou que já colabora com mais de 230 retalhistas (face aos 225 de há três meses) e que a sua estratégia de crescimento passa também por acelerar o desenvolvimento de ferramentas baseadas em Agentic AI, tirando partido dos mais de 720 milhões de compradores ativos e dos 4.500 milhões de SKUs presentes no seu ecossistema.

Reorganização e commerce media
Para sustentar esta transição para uma plataforma mais abrangente de commerce media, a empresa reorganizou a sua liderança. Sherry Smith foi nomeada presidente da área de Retail Media, sucedendo a Brian Gleason, enquanto o atual Chief Product Officer, Todd Parsons, acumula agora também a presidência da Performance Media. A Criteo iniciou ainda a procura de um novo Chief Customer Officer, com o objetivo de reforçar o foco na experiência do cliente.

Apesar do impulso no retail media, os resultados globais apresentam-se com claros e escuros. As receitas totais do trimestre ascenderam a 483 milhões de dólares (apenas +2% em termos homólogos), enquanto o lucro líquido caiu de 28 para 23 milhões de dólares. A métrica-chave “Activated Media Spend” (que reflete o volume total de investimento gerido entre performance e retail media) mantém-se estagnada em cerca de 1.000 milhões de dólares pelo quarto trimestre consecutivo, o que gera dúvidas entre os analistas.

Além disso, o negócio de retargeting e os serviços AdTech tradicionais continuam em declínio. Sarah Glickman, CFO da Criteo, reconheceu que a área de serviços AdTech caiu “dezenas de milhões de dólares” face ao ano anterior, principalmente devido às práticas de autopreferência de “um grande player do setor AdTech” — uma referência velada à Google.

O futuro passa por consolidar um novo modelo operacional
O desafio da Criteo a curto prazo é claro: acelerar o crescimento em retail media e commerce media, capitalizar as suas relações com agências e parceiros estratégicos e demonstrar que a sua evolução para além do retargeting pode sustentar-se com dados, escala e inovação tecnológica. A chave, como refere Komasinski à Adweek, estará em transformar a infraestrutura existente numa camada agentica e preditiva, que permita a retalhistas e marcas ativar campanhas mais relevantes, eficientes e ligadas a todo o percurso do consumidor. Num mercado em plena redefinição, a Criteo procura consolidar-se como um dos players independentes mais sólidos do novo mapa do commerce media.

Anterior
Anterior

A JCDecaux cresce 3,3% no primeiro semestre e acelera a sua digitalização com 40% das receitas provenientes de DOOH

Próximo
Próximo

A Meta quer quebrar o monopólio do Google Search… e tem um plano para o conseguir