A Meta lança a Superintelligence Labs para liderar a nova era da IA avançada
A Meta dá um novo passo na corrida pela inteligência artificial com a criação da Meta Superintelligence Labs (MSL), uma divisão que agrupa todas as equipas envolvidas no desenvolvimento de modelos fundacionais, produtos baseados em IA e projetos de investigação avançada. O anúncio foi feito esta segunda-feira pelo próprio Mark Zuckerberg, através de um documento interno enviado aos colaboradores, e representa uma reorganização profunda dos recursos da empresa para competir no que considera ser o eixo mais crítico do futuro tecnológico.
De acordo com a CNBC, a liderança da MSL ficará a cargo de Alexandr Wang, ex-CEO da Scale AI e atual Chief AI Officer da Meta, e de Nat Friedman, antigo CEO do GitHub e reputado investidor em tecnologia, que assumirá a direção da área de produto e da investigação aplicada. Ambos foram escolhidos por Zuckerberg como figuras-chave para concretizar a nova visão da Meta: uma IA superinteligente, pessoal e construída em open source.
Além de Wang e Friedman, a Meta reforçou a equipa com talentos de topo provenientes das principais empresas de IA do mundo, incluindo ex-líderes da OpenAI, Google DeepMind, Anthropic e Waymo. Entre os nomes mais destacados estão:
Shuchao Bi, um dos criadores do modo de voz do GPT-4o.
Ji Lin, peça-chave no desenvolvimento do GPT-4.5 e dos avanços em raciocínio multimodal da OpenAI.
Pei Sun, arquiteto dos modelos de perceção da Waymo e colaborador no projeto Gemini da Google.
Shengjia Zhao, responsável pelos modelos mini da OpenAI e co-criador do ChatGPT.
Este movimento surge no meio de uma autêntica guerra pelo talento na indústria, onde, segundo Sam Altman (CEO da OpenAI), a Meta terá chegado a oferecer bónus de até 100 milhões de dólares para recrutar investigadores de topo.
Objetivo: Superinteligência
A nova unidade, Meta Superintelligence Labs, irá trabalhar em várias frentes que pretendem consolidar a liderança da empresa no desenvolvimento de inteligência artificial avançada.
Por um lado, continuará a evolução dos modelos Llama, com versões como o Llama 4.1 e 4.2 já em utilização nos produtos da Meta. Estes modelos alimentam experiências conversacionais dentro das aplicações da empresa — como Facebook, Instagram e WhatsApp — e também agentes de IA que otimizam funcionalidades internas, desde o suporte ao utilizador até à personalização de conteúdos.
Em paralelo, a equipa da MSL dará início a uma nova fase de investigação centrada na construção de modelos multimodais mais potentes e escaláveis, capazes de competir ao mais alto nível com empresas como a OpenAI ou a Google DeepMind.
Uma terceira linha de trabalho centra-se na criação de uma superinteligência pessoal: uma visão estratégica que ambiciona desenvolver agentes de IA profundamente integrados com cada utilizador, capazes de compreender o contexto, antecipar necessidades e agir de forma autónoma para simplificar múltiplos aspetos da vida digital.
Segundo Zuckerberg, a Meta tem vantagens estruturais únicas para liderar esta nova fase: desde a infraestrutura e a base de produtos até à escala global e, agora, ao talento. “Estamos all in. A nossa estrutura enquanto empresa permite-nos ser mais ousados do que qualquer outro”, afirma o CEO.
Meta vs OpenAI e Google
Esta aposta da Meta surge num contexto de enorme pressão competitiva. OpenAI e Google lançaram recentemente os seus próprios modelos avançados (GPT-4o e Gemini 1.5, respetivamente) e aprofundaram a integração da IA nos motores de busca, nos assistentes pessoais e nas plataformas de produtividade.
Face a estes modelos mais fechados, a Meta mantém uma filosofia de código aberto, apostando num ecossistema mais colaborativo e menos dependente das grandes plataformas tecnológicas. A empresa já disponibilizou publicamente várias versões do seu modelo Llama e tem promovido ativamente a adoção comunitária dos seus avanços.
Zuckerberg confirmou que a equipa da MSL continuará a crescer nas próximas semanas, incluindo a realocação de alguns colaboradores internos para esta nova unidade. Sublinha ainda que a investigação começará “imediatamente”, com o objetivo de alcançar um modelo de superinteligência num horizonte de 12 a 18 meses.
Para já, a Meta descarta o lançamento de um produto comercial fechado, como o ChatGPT ou o Gemini. A estratégia passa por integrar os seus modelos de IA em todas as suas plataformas — do Facebook e Instagram ao WhatsApp e aos dispositivos de realidade aumentada — criando uma experiência distribuída, centrada no utilizador.
Com esta reorganização, a Meta procura recuperar protagonismo no campo da inteligência artificial e posicionar-se como o ator mais ousado e bem estruturado na corrida pela superinteligência. Nas palavras de Zuckerberg: “Isto não é apenas sobre tecnologia. É o início de uma nova era para a humanidade”.