O IAB Tech Lab abre a consulta pública do ‘Agentic RTB Framework v1.0’, o seu novo standard para tornar a tomada de decisão em tempo real mais segura no ecossistema programático
A compra programática entra numa nova fase “agéntica”. O IAB Tech Lab colocou em consulta pública a versão 1.0 do Agentic RTB Framework (ARTF), um standard que pretende modernizar a forma como se integram a procura, a oferta e os fornecedores de dados e verificação — com um objetivo central: tornar a tomada de decisão em tempo real mais rápida, segura e eficiente nos mercados de media.
O ARTF propõe uma mudança estrutural: em vez de conectar plataformas através de APIs entre centros de dados distintos, passa-se a “empacotar” componentes (modelos, regras, verificadores) em containers e a executá-los na mesma infraestrutura onde a decisão de bidding é tomada.
Assim, os sinais deixam de fazer múltiplas viagens entre data centers e a resposta na subasta acelera — um ganho crítico num processo que hoje opera numa janela de 400 a 600 milissegundos.
Segundo o AdExchanger, este modelo permite que software especializado funcione como um agente autónomo dentro do ecossistema — seja um detector de fraude, um otimizador de deals ou um modelo de licitação — sem expor código ao anfitrião. SSPs e DSPs podem, assim, integrar “caixas negras” de terceiros que enriquecem o decisionamento sem comprometer privacidade, segurança ou propriedade intelectual, mas com acesso direto às sinais e ao inventário em tempo real.
Os primeiros exemplos mostram o potencial:
Antifraude in situ: um fornecedor pode correr como agente dentro de um DSP e bloquear inventário suspeito antes da licitação — em vez de detetar o problema depois.
Otimização de deals: agentes no lado do SSP podem melhorar o alinhamento entre a intenção do comprador e o inventário disponível.
Categorias sensíveis e CTV: executar a lógica localmente reduz a exposição de sinais, reforçando segurança e conformidade.
A lógica multi-agente também abre a porta a ambientes onde cada participante contribui com a sua especialidade — modelação, verificação, identidade, otimização — criando um ecossistema mais eficaz sem impor o ritmo ou a tecnologia de um único player. Uma alternativa mais sustentável do que depender das soluções proprietárias de IA de uma só empresa.
Para além da melhoria no tempo de resposta, o ARTF promete ganhos operacionais:
redução de chamadas redundantes;
menos divergências de IDs;
menores custos de transferência de dados entre clouds;
maior rastreabilidade sobre que agente tomou cada decisão.
O framework inclui ainda controlos de segurança para isolar containers e registos detalhados que facilitam auditorias e resolução de incidentes.
O documento agora publicado procura contributos sobre formato dos containers, protocolos de orquestração, governança, métricas, privacidade e interoperabilidade com OpenRTB e outros standards.
A intenção do IAB Tech Lab é avançar para uma especificação implementável que permita projetos-piloto entre demanda, oferta e parceiros de dados em 2026.
Se amplamente adotado, o ARTF poderá aproximar a compra e venda de media do nível de coordenação e performance hoje exclusivo dos walled gardens: menos fricção, decisões mais precisas e mais valor distribuído por quem acrescenta inteligência à cadeia.