IAB Tech Lab lança ‘Deals API’ para automatizar e normalizar os acordos programáticos

A IAB Tech Lab anunciou a publicação da primeira versão da ‘Deals API’, uma especificação concebida para normalizar e automatizar a troca de informação sobre acordos programáticos entre plataformas de oferta e procura. O objetivo é reduzir a dependência de processos manuais que atualmente provocam desajustes, configurações duplicadas e falta de clareza sobre a verdadeira titularidade de cada deal — fatores que fragilizam a confiança do mercado e limitam a capacidade de escalar este tipo de acordos.

A iniciativa surge num momento em que os deals deixaram de ser uma ferramenta táctica para assumirem um papel estrutural no ecossistema programático, sobretudo em estratégias de curation e na compra e venda de inventário CTV. Nestes contextos, um erro de carregamento ou interpretações divergentes entre buy side e sell side pode atrasar a entrega das campanhas ou impedir que o acordo seja ativado conforme o esperado, com impactos diretos no revenue e na eficiência operacional.

O diagnóstico é claro. Segundo Nick Allen, VP de product management na Magnite, dois terços dos deals são configurados com o supply certo, mas geram pouco ou nenhum rendimento, um sinal evidente de que o bloqueio não é apenas comercial — é também operacional e de normalização.

Para colmatar esta lacuna, a Deals API v1.0 exige a identificação explícita das entidades de negócio envolvidas no empacotamento e venda do acordo, incluindo o seller, o packager e, quando aplicável, o curator. A IAB Tech Lab antecipa que futuras versões introduzam capacidades de descoberta, permitindo a todas as partes perceber como estão incluídas na cadeia do deal e em que função, um passo que procura reforçar a rastreabilidade e a responsabilidade num mercado historicamente opaco nesta parte da transação.

Anthony Katsur, CEO do IAB Tech Lab, enquadrou o lançamento, em declarações ao Videoweek, como uma necessidade estratégica para os publishers, sublinhando que o reforço da transparência ao longo da cadeia do deal deverá melhorar a precisão e aumentar a confiança nas transações baseadas em acordos, especialmente num cenário de tráfego mais volátil e de pressão crescente sobre a monetização editorial.

Do lado da procura, o standard é visto como uma base para uma gestão mais madura do mercado de deals em larga escala. Anna-Maria Nalepa, senior technical product manager na Basis Technologies, refere que a proposta formaliza necessidades há muito identificadas, abrindo caminho para uma evolução mais transparente e eficiente de um ecossistema “deal-driven”, em que a curation exige cada vez mais clareza sobre quem empacota, com que sinais e com que responsabilidades.

O período de consulta pública da Deals API decorre até 31 de janeiro de 2026. Caso a indústria converja em torno deste standard, o impacto poderá traduzir-se num salto significativo na fiabilidade dos deals, com efeitos diretos na escalabilidade da curation, na eficiência em CTV e na confiança dos anunciantes em acordos que ainda dependem demasiado de processos manuais e de fricções evitáveis.

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