A Amazon pede aos anunciantes que dupliquem os seus investimentos durante os quatro dias do Prime Day

A Amazon decidiu prolongar este ano o seu evento de referência, o Prime Day, de dois para quatro dias (de 8 a 11 de julho), naquela que é a sua maior aposta comercial do ano. Mas com essa expansão vem também uma exigência dirigida às marcas: aumentar significativamente o investimento publicitário para não ficarem fora do radar dos consumidores.

Segundo o Adweek, representantes comerciais da Amazon estão a recomendar a algumas marcas que dupliquem o seu investimento diário em publicidade durante os dias do evento. Um documento interno da empresa sugere que os anunciantes aumentem o orçamento diário em 25% nos dias anteriores ao Prime Day (para gerar notoriedade e captar novos clientes), que o dobrem durante o evento (+100%) e que mantenham um incremento de 25% nos dias seguintes, para fazer retargeting junto dos utilizadores que viram produtos mas não compraram.

Na prática, isso significa investir num único dia o equivalente a um quarto do orçamento mensal — uma fasquia considerável, especialmente se esse esforço for prolongado pelos quatro dias do evento, como acontece este ano.

“A proposta de distribuição orçamental nem está muito longe do que nós próprios poderíamos recomendar. Mas o contexto macroeconómico está a pesar nas decisões tanto dos consumidores como das marcas”, explica Joe O’Connor, Senior Innovation and Growth Director na agência Tinuiti.

A batalha pela visibilidade: mais plataformas, menos certezas

O desafio não é apenas orçamental, mas também estratégico. O Prime Day deixou de ser exclusivo — gigantes como Walmart e Target lançam campanhas promocionais semelhantes nas mesmas datas, o que aumenta a concorrência pela atenção dos consumidores e pelos orçamentos publicitários. Esta saturação está a provocar fadiga tanto entre marcas como entre utilizadores.

“O Prime Day situa-se entre o 4 de julho e o regresso às aulas, dois momentos promocionais importantes. O consumidor pode chegar saturado e desligado, o que reduz a eficácia até das campanhas mais bem concebidas”, alerta Hillary Kupferberg, VP de meios na Exverus Media.

A resposta da Amazon: personalização e promessas de retorno

A Amazon defende-se afirmando que as suas recomendações são personalizadas e baseadas em análises de dados específicas para cada anunciante. “O Prime Day é uma oportunidade comprovada para gerar vendas, notoriedade de marca e relações de longo prazo com os clientes”, garante um porta-voz da empresa, sublinhando que o objetivo é ajudar os anunciantes a otimizar o desempenho durante o evento.

Nos últimos anos, a Amazon reforçou significativamente a sua oferta publicitária em vídeo, display, pesquisa e retail media, melhorando a integração entre produtos patrocinados e destacando o Prime Day como um dos momentos do ano com maior potencial de ROAS (retorno sobre o investimento publicitário) para muitas categorias.

Ficar de fora tem consequências

Para além do impacto imediato, o Prime Day tem implicações estratégicas. Mike Feldman, SVP da Flywheel, lembra que o desempenho neste evento pode determinar o posicionamento de uma marca no restante do ano.

“Se investes no Prime Day, sobes no ranking dos resultados de pesquisa, o que te coloca numa melhor posição para o terceiro trimestre e para as campanhas de Natal. O retorno não se mede apenas em vendas imediatas”, sublinha.

Contudo, essa aposta tem um preço. “As marcas estão a analisar cada euro investido ao detalhe. A exigência de eficiência nunca foi tão alta”, remata Feldman.

Uma tendência que se alarga no retail media

A estratégia da Amazon para o Prime Day 2025 reflete uma tendência mais ampla no ecossistema de retail media: eventos promocionais mais longos, maiores expectativas de investimento e uma crescente pressão sobre as marcas para se destacarem num ambiente saturado. Num momento de instabilidade económica e de contenção orçamental, as decisões de investimento têm de ser tão inteligentes quanto ambiciosas.

Para muitas marcas, o dilema já não é se devem ou não anunciar-se — mas sim como conseguir visibilidade sem esgotar o orçamento anual em quatro dias de julho.

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