Search.com integra publicidade, subscrições e cashback com um modelo de monetização para publishers

A chegada da pesquisa generativa com IA tem vindo a criar tensão entre plataformas e meios de comunicação: os utilizadores recebem respostas conversacionais imediatas, mas os publishers denunciam perdas de tráfego e de receitas.
Neste contexto, a Search.com apresentou um modelo “publisher-first” que promete compensação e consentimento: não haverá recolha de conteúdos sem aprovação prévia, e 60% das receitas publicitárias serão partilhadas com os parceiros editoriais. Para além da publicidade, a proposta integra subscrições e cashback para os utilizadores, oferecendo experiências personalizadas numa interface simples e intuitiva.

Tecnologia proprietária e ecossistema integrado

Longe de depender de APIs de terceiros, a empresa afirma operar com ferramentas AdTech próprias, incluindo um DMP com acesso a mais de 230 milhões de perfis, 1,4 biliões de pedidos de licitação diários (bid requests) e ligações diretas a inventário editorial.
O ecossistema assenta em integrações com Yield.com (otimização de yield), Contextual.com (segmentação contextual), a rede Monetize.com e a plataforma de geolocalização InText. Com esta estrutura, a Search.com pretende posicionar-se como canal adicional de pesquisa para anunciantes e nova fonte de receitas para os meios, sendo descrita pela sua presidência como uma verdadeira “navalha suíça da monetização”.

Ferramentas integráveis e adesão simplificada

Para acelerar a adoção, a plataforma disponibiliza aos publishers barras de pesquisa com IA integráveis, widgets de chat dentro dos artigos e ligações contextuais “ler mais” concebidas para aumentar o envolvimento.
O processo de integração privilegia a simplicidade técnica — “tão fácil como incorporar um vídeo do YouTube”, segundo alguns editores que já estão a testar a solução — e começa sempre por uma avaliação de brand safety e qualidade antes do lançamento.

Um debate que redefine o equilíbrio digital

A proposta surge num momento de debate intenso: as respostas generativas resolvem as consultas diretamente na origem, reduzindo os clicks de saída e, consequentemente, o tráfego para os meios.
Para Matthew Keys, fundador do TheDesk.net, “a IA não vai desaparecer — é tempo de construir modelos sustentáveis que remunerem de forma justa os criadores”.
O objetivo da Search.com — compensar, pedir consentimento e fornecer ferramentas de ativação — pretende reconciliar a conveniência do utilizador com a visibilidade e o reconhecimento dos publishers.

Oportunidades e riscos para os meios

Benefícios potenciais:

  • Novas receitas através da partilha publicitária e possíveis acordos de licenciamento;

  • Maior controlo de marca, com o compromisso de não recolher conteúdo sem consentimento e garantia de brand safety;

  • Ativação de dados próprios, permitindo converter atenção em registos, subscrições ou fidelização.

Riscos e desafios:

  • Escalabilidade da adoção;

  • Transparência de métricas (impressões, atribuição, qualidade do tráfego);

  • Governança de dados e compatibilidade com políticas editoriais e de privacidade.

Implicações para anunciantes

Para os anunciantes, o stack tecnológico da Search.com oferece acesso direto a inventário editorial, segmentação contextual e audiências qualificadas através do seu DMP — com a promessa de gerar alcance incremental face aos canais tradicionais (Search, social e open web).
A chave será demonstrar eficiência real, sem sobreposição de audiências, com CPA/ROAS otimizados e contextos de elevada qualidade.

Um “contrato social” alternativo para a pesquisa com IA

O sucesso do modelo dependerá de quatro pilares:

  1. Proeminência real dos publishers nas respostas, com atribuição visível;

  2. Impacto económico líquido, compensando a perda de tráfego orgânico;

  3. Valor em todo o funil, da descoberta à conversão;

  4. Padrões verificáveis e auditoria independente.

Enquanto outros players privilegiam a velocidade, a Search.com aposta numa abordagem mais deliberada e cooperativa com os meios. O raciocínio é simples: se a IA se alimenta de conteúdo editorial, os modelos que não o remuneram acabam por secar a sua própria fonte.
Ao alinhar incentivos — pagamento, consentimento e ferramentas de ativação —, a plataforma procura sustentar um ecossistema aberto e equilibrado.

Assim, a Search.com propõe um novo contrato social para a pesquisa com IA: pagar, pedir autorização e capacitar os meios para converter.
Ainda falta comprovar o modelo à escala, mas a direção é clara — se a resposta fica no topo, o valor para os publishers deve vir de monetizar essa presença, captar relação direta e medir o impacto real.

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