A Netflix já permite vender o seu inventário através da DSP da Amazon
A Netflix e a Amazon Ads anunciaram um acordo estratégico que permitirá à Netflix vender o seu inventário publicitário através da DSP da Amazon, uma colaboração que junta dois concorrentes diretos do setor do streaming no domínio publicitário. A parceria transforma a DSP da Amazon num canal de acesso a um dos inventários mais atrativos da indústria do entretenimento, enquanto a Netflix beneficia da possibilidade de chegar a anunciantes que gerem as suas campanhas através da plataforma de compra da Amazon. Este movimento complementa os acordos recentes da Amazon com a Disney e a Roku, consolidando a sua DSP como um ecossistema integral para a compra de publicidade programática em conteúdos premium.
“O nosso objetivo é eliminar a incerteza para os anunciantes, simplificando o planeamento e a compra de publicidade em TV através da Amazon Ads”, explica à AdAge Paul Kotas, Senior VP da Amazon Ads. A empresa sublinha que o acordo permitirá centralizar a gestão publicitária e otimizar a eficiência das campanhas através de tecnologia programática e análise de dados.
A Netflix, que lançou a sua plataforma publicitária em 2022 em parceria com a Microsoft, migrou para um Ad-Server próprio, integrado com múltiplas DSPs, incluindo a Google Display & Video 360, The Trade Desk e a Yahoo. A empresa espera duplicar a dimensão do seu negócio publicitário este ano, impulsionada por acordos programáticos e upfront, com projeções que superam os 2.000 milhões de dólares em receitas nos EUA, segundo a eMarketer. A Amazon, por sua vez, reportou 15.700 milhões de dólares em receitas publicitárias no segundo trimestre, um aumento de 22% face ao ano anterior, apoiado no crescimento da sua DSP e na expansão da sua oferta em Connected TV. Com este acordo, ambas as empresas reforçam a sua aposta na monetização publicitária, um modelo cada vez mais crítico para o seu crescimento perante a concorrência de outras plataformas de streaming. Em termos de audiência, a Netflix ocupa atualmente o segundo lugar nos EUA segundo o índice The Gauge da Nielsen, com 8,8% do tempo de visionamento televisivo, enquanto a Prime Video alcança 3,8%. A Disney mantém-se líder ao contabilizar todas as suas plataformas, incluindo a Disney+ e a Hulu. Apesar de serem rivais em conteúdo e subscrições, Netflix e Amazon coincidem na necessidade de diversificar receitas através da publicidade programática, um campo que está a ganhar cada vez mais relevância no setor do streaming.
O acordo incorpora o uso de tecnologia de clean rooms e análise de dados, permitindo a anunciantes e publishers trabalharem com informação partilhada de forma segura, melhorar a eficiência das campanhas e otimizar o desempenho publicitário. Esta cooperação representa também um passo rumo à convergência entre serviços de streaming e soluções de advertising tech, onde a programação de meios e a capacidade de segmentação de audiências são fundamentais. Com este movimento, a Netflix e a Amazon reforçam a tendência das plataformas de streaming para integrarem modelos de negócio híbridos, combinando subscrições e publicidade programática para maximizar receitas, otimizar campanhas e oferecer um inventário premium mais atrativo para anunciantes nacionais e internacionais.